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domingo, 1 de agosto de 2010

Dani Calabresa, humorista: “Fazer piada é como se fosse uma terapia”
ANNA CAROLINA LEMENTY
Filipe Redondo

Apesar de ter se formado em publicidade, o teatro foi o laboratório de criação de Daniella Giusti Adnet, conhecida como Dani Calabresa por causa de seu indiscreto sotaque italianado. Desde os seis anos, a humorista se apresenta em peças e, em 2007, começou a participar de shows de comédio ao vivo no estilo stand-up (o comediante sozinho, sem cenário, só falando para a platéia). Hoje, ela faz sucesso com uma nova geração de humoristas na MTV e conta como libera a criatividade para fazer piadas e se expor em situações absurdas.

ÉPOCA - Como você cria suas piadas?

Dani Calabresa - Quando comecei a fazer stand-up comedy, em 2007, me obrigava a escrever qualquer coisa, como um exercício. Rabiscava algumas ideias e, depois de um tempo, conseguia deixá-las engraçadas. Hoje, não consigo mais fazer isso por falta de tempo. Chego no palco, jogo alguns assuntos e vou enlouquecendo com a plateia. Às vezes, sinto que posso arriscar mais, e é muito bacana. Nas gravações do Furo MTV (programa que apresenta), eu e o Bento Ribeiro sempre inventamos loucuras inesperadas, e essa é a parte mais gostosa de fazer comédia: arriscar, ousar e improvisar sem medo.

ÉPOCA - Você testa a piada antes?

Calabresa - Não faço tudo no improviso, mas arrisco coisas novas. Criar do nada é difícil. Costumo falar do que me irrita: ficar na fila, ser assaltada, fazer regime. É como se fosse uma terapia.

ÉPOCA - Você tem hábitos que favoreçam seu modo de pensar e inventar piadas?

Calabresa - Eu faço muita piada comigo mesma. Sou "bananona", desastrada, levo tombo em todo lugar. Minha vida é o meu material para a comédia! (ela ri). Venho de uma família muito divertida. Meus pais e minha irmã são falantes e engraçados. Sempre fizemos piadas de nós mesmos. Além disso, adoro assistir a filmes e seriados de comédia. Eles me inspiram muito.

ÉPOCA - De onde vêm as suas referências?

Calabresa - Amo a Claudia Jiménez. Ela fez um trabalho incrível em Sai de baixo (programa exibido pela Rede Globo), assim como a Marisa Orth. Também gosto muito dos programas TV pirata e I love Lucy (sitcom que fez sucesso nas décadas de 1950 e 1960) e do filme The party. Sou fã do Peter Sellers. Ele é hilário, faz um estilo meio "goiabão". Tudo de ruim sempre acontece com ele.

ÉPOCA - Como você consegue ter seu público e se diferenciar entre tantos comediantes?

Calabresa - Eu sou espontânea, não faço pensando no resultado, simplesmente arrisco com o que me faz rir. A sorte é que gostam.

ÉPOCA - Os amigos, o marido e a família contribuem para a sua criatividade?

Calabresa - Minha família me apoia bastante. Lembro de algumas apresentações que fiz em 2006, em bares de São Paulo, em que meus pais estavam sempre na plateia. Às vezes, eles eram os únicos.

ÉPOCA - Como você era na infância?

Calabresa - Eu era uma criança tímida, mas muito criativa. Sempre gostei de desenhar e inventar personagens e historinhas divertidas. Brincava de marionetes com a minha irmã e um primo. Costumávamos apresentar showzinhos para os meus pais e a minha avó.

ÉPOCA - Há quem a considere uma pessoa "maluquinha"?

Calabresa - Acho que todo mundo. Você liga a TV para assistir a um programa de humor e só vê mulheres gostosas seminuas. Aí, você muda de canal e me vê apresentando o Furo MTV e sendo espontânea, falando palavrão. Minhas amigas me acham louca, muitas mulheres não têm coragem de fazer stand-up comedy, largar a vaidade, sem medo de se expor ao ridículo, coisa que eu adoro fazer.

ÉPOCA - Como você e seu marido, também humorista, funcionam no dia a dia? A criatividade existe na rotina de vocês?

Calabresa - O (Marcelo) Adnet é bem humorado, e essa é uma qualidade essencial pra qualquer pessoa. Temos uma rotina bem puxada de trabalho, mas a gente se apoia e se diverte muito.

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